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terça-feira, 8 de junho de 2010

Telegrama-


Juvenal estava desempregado há meses.Com a resistência que só os brasileiros têm, foi tentar novamente um emprego, em mais uma entrevista.
Ao chegar ao escritório, o entrevistador observou que o candidato tinha exatamente o perfil desejado, as virtudes ideais e lhe perguntou:


- Qual foi seu último salário?

- “Salário mínimo”, respondeu Juvenal.

- Pois se o Senhor for contratado, ganhará US$ 10 mil por mês!

- Jura?

- Que carro o Senhor tem?

- Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão!

- Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma BMW para sua esposa! Tudo zero!

- Jura?

- O senhor viaja muito para o exterior?

- O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes…

- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc.

- Jura?

- E lhe digo mais… O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã (sexta-feira) meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira com todas essas regalias que eu citei. Então já sabe: se NÃO receber telegrama cancelando até meia-noite de amanhã, o emprego é seu!

Juvenal saiu do escritório radiante…

Agora era só esperar até a meia-noite da 6ª feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama.

Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu a família e contou as boas novas…

Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa à base de muita música. Sexta de tarde já tinha um barril de chope aberto. Às 9 horas da noite a festa fervia. A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta.

Dez horas, e a mulher de Juvenal, aflita, achava tudo um exagero..

A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pro lado do Juvenal.

E a banda tocava!

E o chope gelado rolava!

O povo dançava!

Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro. Gastara horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do primeiro salário.

E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.

Às onze horas e cinqüenta e cinco minutos… Vira na esquina buzinando feito louco, um cara numa motoca amarela…

Era do Correio!

A festa parou!

A banda calou!

A tuba engasgou!

Um bêbado arrotou!

Uma velha peidou!

Um cachorro cagou!

Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa?

- Coitado do Juvenal! - era a frase mais ouvida - Tá fudido, tomou no cu.

- Joguem água na churrasqueira!

O chope esquentou!

A mulher do Juvenal desmaiou!

A motoca parou!

O cara desceu e se dirigiu ao Juvenal:

- Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri?

- Si, si, sim, so, so, sou eu…

A multidão não resistiu…

OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!

E o cara da motoca:

- Telegrama para o senhor…

Juvenal não acreditava…

Pegou o telegrama, com os olhos cheios d`água, ergueu a cabeça e olhou para todos. Silêncio total.

Não se ouvia sequer uma mosca!

Juvenal respirou fundo e abriu o envelope do telegrama tremendo, enquanto uma lágrima rolava, molhando o telegrama.

Olhou de novo para o povo e a consternação era geral.

Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler.

O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava:

- E agora? Quem vai pagar essa festa toda?

Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava…

Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico.


- Uhuhuhuhu!!!!! Mamãe morreeeeuuu! Mamãe morreeeeuuu!

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